Porque hoje temos a necessidade de discordar de tudo e ter razão a qualquer custo?
Parece que virou um vicio.
Em quase todo lugar é assim, principalmente nas redes sociais.
Discutir agora é vencer uma luta, não existe mais troca de idéia.
Diálogo pra que né?
E junto com esta merda, só cresce a dificuldade de interpretar um texto,
compreender o que está escrito virou algo de outro mundo.
Eu leio tudo com pressa, estou mais preocupado em responder do que entender.
Ai vira uma bola de neve de bosta, só mal entendido, treta desnecessária e
argumento que você constrói em cima de uma interpretação que está distorcida.
Essa combinação, que é o desejo de ter razão e a incapacidade de
compreender o que eu leio e o que eu ouço, vira mais do que um problema de
comunicação, vira uma crise de empatia e humildade.
Para eu entender as coisas direito, da forma certa, da forma que tem que ser, eu preciso
ter paciência, eu preciso escutar, preciso ter disposição para considerar que
talvez a outra pessoa também tenha alguma coisa interessante para me falar.
E quando eu perco a capacidade de interpretar com cuidado e conversar dando
abertura, não estamos apenas discordando, estamos nos afastando da
possibilidade de poder evoluir juntos.
E ai no fim das contas, razão nenhuma vai valer mais do que construir um bom
entendimento com a outra pessoa.
Nossa cultura agora é de imediatismo e polarização, onde ninguém
mais escuta ninguém, ninguém presta atenção em nada, então refletir, mesmo que
seja por alguns segundos, virou raro.
Nesse cenário eu tenho uma necessidade compulsiva de discordar, as vezes
vira habito, e as vezes é por orgulho ou por medo de parecer submisso.
Isso demonstra uma insegurança monstra, profunda... eu penso que se eu ceder,
ou mesmo considerar outro ponto de vista, eu vou ser fraco.
“Porque eu tenho que ter minhas opiniões fortes como uma rocha e nada vai
muda-las.”
Mas se eu discordo por
discordar, sem base de nada, e pior ainda, sem compreender o que foi dito, isso vira
uma conversa tosca, vazia, que não leva a lugar nenhum, e só vira uma disputa
de ego. Isso é reatividade.
E na real, quando eu quero ter um pensamento crítico, eu vou para o caminho
contrário, eu escuto com atenção, tenho dúvidas construtivas, vou
analisar tudo com cuidado.
Então se eu leio tudo muito rápido e ouço já pensando na resposta que eu vou
dar, o caminho é claro: Eu vou julgar de forma precipitada.
A conversa vai ser
desenvolvida (se é que vai existir conversa) em cima de mal entendido.
Como eu vou criticar uma coisa que eu nem entendi de fato?
Vira um ciclo vicioso: quanto menos eu compreendo, mais
reajo com intolerância;
Quanto mais eu quero ter razão, menos espaço eu vou abrir para entender.
E assim, ao invés amadurecer junto com a outra pessoa, eu vou cultivar um
ambiente de merda, onde todo mundo fala, e ninguém se escuta.
Quanta humildade eu tenho que ter nos dias de hoje, só para falar que eu estou
errado, me perdoa, "chapei" nas idéias. Nem sempre eu tenho razão.
Tem que ter humildade para aceitar que entender o outro, pode me trazer mais
coisas positivas, do que só criticar e refutar a outra pessoa.
Refletir antes de responder hoje em dia é ser um rebelde, onde a cultura é
marcada pela impulsividade.
A gente tem que reaprender a conversar.
Começa simples: lê com atenção, ouve com interesse, deixa de lado a pressa de
estar certo, para você poder abraçar a compreensão.
Desse jeito quem sabe, a gente comece a trocar ideias ao invés de ataques — e
nesse processo todo ai, quem sabe a gente não cresça juntos.
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